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25 de julho de 2024

25 de julho: a luta continua!

Para nós mulheres negras que convivemos num país com marcas escravocratas de quase três séculos e, na atualidade, com o racismo estrutural e institucional que condena, humilha, exclui e mata os corpos negros, o marco histórico do 25 de julho vem fortalecer as estratégias na luta contra o racismo, o sexismo e todas as violências. Esta data comemora o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, remetendo ao ano de 1992, quando em Santo Domingo, República Dominicana, realizou-se o 1º encontro de mulheres negras, que visava denunciar o racismo e o machismo enfrentados nas Américas e nos outros continentes. No Brasil, por meio da Lei nº 12.987/2014, sancionada pela Presidenta Dilma Rousseff, a data de 25 de julho celebra o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, em homenagem à líder quilombola Tereza que viveu no século XVlll e foi casada com José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho (também conhecido como Quilombo do Quariterê), no Estado do Mato Grosso. Com a morte do seu companheiro, a “Rainha Tereza”, como era conhecida, tornou-se líder do Quilombo. Esta data tão importante e significativa, relembra a luta e resistência das mulheres negras em vários lugares do planeta terra, trazendo à tona a relevância política desta data como pauta para refletirmos nas ações, projetos e políticas públicas para as mulheres negras; e nesse processo histórico, protagonizando suas próprias histórias vividas e negadas secularmente pelo Estado Brasileiro. O Julho das Pretas nasceu no Estado da Bahia, no ano de 2013, articulado pela Odara – Instituto da Mulher Negra, objetivando a “ação de incidência política e agenda conjunta e propositiva com organizações e movimentos de mulheres negras do Brasil, voltados para o fortalecimento da ação política coletiva e autônoma das mulheres negras nas diversas esferas da sociedade”. A versão do Julho das Pretas 2024 traz a temática Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver, objetivando articular e mobilizar as mulheres negras do Brasil, rumo à 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras que vai acontecer em novembro de 2025 em Brasília-DF, com a meta de um milhão de mulheres negras marchar em Brasília. Na Paraíba, acontece este ano a 26ª Edição do 25 de Julho e a 12ª Edição do Julho das Pretas. Temos na organização do Comitê Impulsor Estadual da Marcha das Mulheres Negras rumo à Marcha Nacional, contando com representantes psicólogas negras, um demonstrativo do protagonismo da Psicologia Preta, da mulher e da profissional psicóloga negra engajada na luta antirracista, em conjunto com outras mulheres nos diferentes modos de fazer a incidência política com base no legado ancestral e, dessa forma, construímos coletivamente o fortalecimento das organizações contra todas as formas de violências, preconceitos, discriminações, machismos, LGBTfobias, intolerância religiosa e, na perspectiva da promoção da equidade e igualdade, no acesso aos direitos sociais, políticos e civis e da cidadania plena. E nós, que fazemos o Sistema Conselhos de Psicologia, deveremos ter o compromisso social, profissional, político e ético para o acolhimento e prestação de serviços nas nossas áreas específicas de atuação junto às mulheres vítimas dos racismos e das violências, tecendo a colcha de preservação das vidas e histórias negras. E nós que compomos a Comissão de Psicologia e Relações Étnico-raciais do CRP-13, assumimos e afirmamos o compromisso do não esquecimento e não silenciamento das nossas memórias históricas e ancestrais da negritude.

Autoria: Dra. Maria do Socorro Pimentel da Silva – CRP 13/0615
Comissão de Psicologia e Relações Étnico-raciais / CRP-13